As chuvas que começaram a cair na região desde meados deste mês apagaram a maior parte dos incêndios no Pantanal. Com a continuidade da estação de chuvas, a expectativa é que os pontos de queimada que ainda persistem na porção sul do Pantanal sejam extintos nas próximas semanas, afirma Luiz Solino, Biólogo inscrito no CRBio-01 e conselheiro da ONG Fundação Ecotrópica, sediada em Cuiabá, Mato Grosso.
Mas a devastação causada pelos incêndios durante a estação de seca desse ano foi sem precedentes. Levantamentos via satélite indicam que o fogo consumiu mais de um quarto do bioma.
Luiz Solino ressalta a necessidade de as equipes de brigadistas permanecerem na região para controlar os atuais incêndios e monitorar possíveis novas ocorrências. Após a suspensão integral dos trabalhos na quarta-feira (21), apenas uma parte das equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de combate aos incêndios retornou ao Pantanal na sexta-feira (23).
“Nossa maior preocupação no momento são os animais, principalmente os pequenos mamíferos, que estão sem refúgio. Não é bom alimentar animais silvestres, mas estamos levando alimentos para mitigar essa situação de emergência”, relata Luiz Solino.
A polícia está investigando a origem dos incêndios no Pantanal. Luiz Solino está convicto que a maior parte foi originada por ação humana, potencializada pela seca e calor: “Alguns proprietários acham que fogo é benéfico. Chamam de limpeza. Muitos também tocam fogo para queimar lixo. São práticas muito antigas”.
Parte dos fazendeiros está transformando as áreas verdes queimadas em pasto para criação de gado. Luiz Solino relata que fazia um trabalho de campo em 17 de outubro no quilômetro 70 da Rodovia Transpantaneira, em Poconé, quando presenciou um avião despejar sementes de capim para pasto sobre uma área verde recém-queimada de uma fazenda.
“Há poucas reservas estaduais e federais no Pantanal, onde predominam as propriedades privadas. Daí a importância de um trabalho de conscientização ambiental junto aos fazendeiros”, conclui o Biólogo.
(Publicado em 26 de outubro de 2020)