Em 1901, o sanitarista Vital Brasil estabeleceu um laboratório na então fazenda do Butantan e ali produziu o soro que pôs fim a um surto de peste bubônica no país. Ao celebrar seu aniversário de 120 anos, o Instituto Butantan está na vanguarda do controle da pandemia da Covid-19 com a produção da vacina Coronavac e firma-se como um dos orgulhos da Ciência brasileira.
O Biólogo Giuseppe Puorto, conselheiro e secretário do Conselho Regional de Biologia da 1ª Região (CRBio-01), que ingressou no Butantan há 50 anos como estagiário e hoje ocupa o cargo de Diretor Cultural da instituição, comenta em entrevista exclusiva a história, o momento atual e as perspectivas do instituto.
P: O Butantan está no seu momento de maior visibilidade em 120 anos?
R: O momento é especial porque, em função da vacina, o Butantan passou a ser conhecido em todos os lugares. A instituição já tinha o know-how na produção de vacinas e estabeleceu uma parceria que está dando certo. É certamente uma visibilidade grande, mas não podemos nos esquecer que essa não é a primeira ação importante do Instituto. Desde 1901, com o soro antipestoso, em seguida com o soro para acidentes com serpentes, o Butantan sempre esteve presente em momentos importantes na história da saúde brasileira.
P: A produção da Coronavac representa um divisor de águas na história da instituição?
R: É mais um momento importante na história do Butantan. O grande desafio é a necessidade de se ter um produto que consiga controlar o vírus em tempo recorde.
P: Qual é o papel de Biólogos e Biólogas no Butantan?
R: Nós temos uma grande área de pesquisa animal, imunobiológica (de soros e vacinas), de venenos e de outros organismos vivos, como vírus e bactérias. Produzimos em nossas fábricas soros e vacinas de vários tipos. Temos uma área de inovação, que tenta descobrir ou melhorar técnicas e produtos úteis para a sociedade. E temos uma área de divulgação através de ações educativas e dos nossos museus. Em todas essas áreas, nós temos Biólogos. Há um campo grande para Biólogos no Butantan, que também é um local de formação de profissionais. Eu comecei no Butantan como estagiário, fiz carreira e atuo tanto na parte de pesquisa com animais como na de divulgação.
P: O que podemos antever nos próximos 120 anos do Butantan?
R: Vamos continuar a trabalhar a serviço da vida, como consta do nosso slogan. O país continuará a ter problema relacionados à saúde pública, e o Butantan estará presente, tanto na produção de soros quanto de vacinas. Eu vejo um futuro promissor para o Butantan, que demonstrou a força do seu corpo técnico nesse momento de crise.
(Publicado em 23 de fevereiro de 2021)