Biologia em pauta

“A ciência não é feita num estalar de dedos”, defende o presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC)

apqc

Geradores de conhecimento e de tecnologia e sempre atentos às demandas da sociedade, os pesquisadores científicos têm sofrido dificuldades cada vez maiores no contexto brasileiro.

No estado de São Paulo, nos últimos cinco anos, a redução média do quadro de pesquisadores nos 19 institutos públicos estaduais foi de 22%, de acordo com informações da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC).

Nesse contexto, o Instituto Butantan, que em breve completará 120 anos de existência e que tem sido destaque na mídia como o principal produtor de soros e vacinas para o Sistema Único de Saúde (SUS), é um grande exemplo dessa redução de quadro. Conforme a APqC, 45% dos cargos de pesquisadores científicos estão vagos no Instituto, bem como 78% dos cargos da carreira de apoio à pesquisa, apesar da evidente necessidade de pessoal.

“O Butantan e outros institutos similares são essenciais para o enfrentamento de qualquer crise. Como se sabe, o próprio Butantan surgiu por conta de um surto de peste bubônica no Brasil. De forma semelhante, o Adolfo Lutz também surgiu de problemas na saúde pública, assim como outros institutos foram criados por demandas da sociedade ao enfrentar grandes dificuldades”, explica o Dr. João Paulo Feijão Teixeira, presidente da APqC.

Ele aponta, ainda, a importância dos pesquisadores atuarem como funcionários estatutários, concursados, que independem de decisões políticas diretas pelos gestores políticos para permanecerem em seus cargos, de modo a viabilizar a estabilidade das instituições e a continuidade na construção dos conhecimentos.

“A ciência não é feita num estalar de dedos. O pesquisador tem um papel fundamental como um ente pensante, além de ser um grande armazenador de conhecimento. Ao longo da carreira de pesquisa, os conhecimentos são acumulados e o conjunto deles, compartilhado entre os pesquisadores de forma constante, é usado para sanar os problemas e superar crises como a que vivemos hoje com a pandemia da COVID-19”, declara.

Como solução para a questão, Teixeira defende uma reposição estratégica de pessoal para suprir demandas em áreas específicas e mais urgentes. “A APqC desenvolve ações junto ao Governo Estadual e à Assembleia Legislativa de São Paulo no sentido de que concursos públicos sejam autorizados para contratação de recursos humanos em áreas estratégicas e para afastar as ameaças hoje presentes no Instituto Butantan e demais Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo”, argumenta.

(Publicado em 11 de fevereiro de 2021)

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