Biologia em pauta

O risco do “superfungo” Candida auris

fungo

Como se já não bastasse a preocupação com a pandemia da Covid-19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recentemente emitiu um alerta sobre a possível chegada ao Brasil da Candida auris, que classifica como um “fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública”.

A Candida auris foi descoberta em 2009 e há pelo menos 4.700 casos de infecção registrados em 33 países, com taxa de mortalidade média em 39%, de acordo com estimativas publicadas em novembro por pesquisadores chineses na revista científica BMC Infectious Diseases.

Um homem hospitalizado na Bahia com Covid-19 possivelmente foi infectado também pelo fungo, o que seria o primeiro caso de adoecimento por Candida auris no Brasil. O caso está em investigação após a identificação de traços do fungo na ponta de um cateter inserido no paciente numa UTI de um hospital estadual.

Embora a Candida auris seja muito resistente, os especialistas não acreditam que haverá um surto de grandes proporções no país. O risco principal está no ambiente hospitalar.

“A Candida auris é uma levedura que, como tal, se reproduz rapidamente e de forma eficiente, principalmente em ambientes hospitalares, onde se torna especialmente preocupante, considerando a vulnerabilidade imunológica dos pacientes nesses ambientes, ainda mais em tempos de pandemia da Covid-19”, alerta a dra. Iracema Helena Schoenlein-Crusius, Bióloga, presidente do Conselho Regional de Biologia da 1ª Região (CRBio-01) e servidora do Instituto de Botânica, onde coordenou a área de plantas avasculares e fungos do programa de pós-graduação Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente.

O fungo pode “colonizar” cateteres e outros dispositivos médicos e chegar ao sangue por meio de procedimentos invasivos, como cirurgias. Segundo o estudo publicado no BMC Infectious Diseases, no grupo de pacientes em que a infecção chegou ao sangue, a mortalidade subiu para 45%.

“A preocupação é legítima. Tais fungos, muitas vezes com escassa história médica, costumam ser resistentes aos fármacos convencionais, podendo levar a sérias complicações na recuperação de pacientes”, alerta dra. Iracema. “Portanto, usar máscara e lavar as mãos, principalmente em ambientes hospitalares, não deve ser praticado somente em época de pandemia, mas sempre”, defende a Bióloga.

(Publicado em 21 de dezembro)

Serviços Online

Transparência

Anuncie